"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Olfato





Olfato


Minha professora doida de redação resolveu levar seus alunos para passear numa praça, e nos mandou concentrar-nos em apenas um dos cinco sentidos para depois escrever um texto.

Sabe o que isso significa? Problema.

Fui pegar um papelzinho para ver qual dos cinco sentidos teria que usar. Uma das bolinhas de papel pareceu brilhar para mim, com se fosse meu destino pegá-la... Brincadeira, peguei um papel aleatório que vi na minha frente.

Olfato.

Viva! Viva! Viva! Já disse que tenho um nariz de cachorro? Minha visão é um desastre, nunca escuto direito o que as pessoas dizem, mas meu nariz é infalível.

Saímos da escola. Eu me concentrava em tudo à minha volta... Passamos por um canteiro, com cheiro de grama recém cortada... Tinha também cheiro de flores... Será jasmim? Um ônibus cuspiu uma nuvem de fumaça na minha cara. Ai que horror!

Chegamos na praça. Andei pela feirinha, olhando os produtos, o farejador em ação... Cheiro de pó... Por que todas essas barraquinhas são tão empoeiradas? Atchim! Não, alergia não!

Passei por um estande de panos. Senti o odor suave de algodão novo. Saco, aquele tio ali está fumando. E depois de madeira sendo lixada... Cigarro de novo? Isso é pastel? Ou cochinha? Fui flutuando para as barraquinhas de comida em busca do cheiro. Mais uma nuvem de fumaça de cigarro interrompeu minha pesquisa.

Terumi parou do meu lado. Cheiro de bebê... De talco... Que gostoso... Espera ai... CIGARRO DE NOVO NÃO!

O cheiro que havia sentido antes era de pastel mesmo... Andei mais um pouco, encontrei uma velha com um cachorro. Meu deus que cachorro gordo! Não chega perto, eu tenho alergia... Que tristeza...

Atchim! Isso é chuva? Sem dúvida cheiro de chuva. Melhor ir embora. O pessoal já está se reunindo. Odeio fumaça de carros. Atchim! Cadê meu anti alérgico?

domingo, 11 de abril de 2010

As folhas não mentem





As folhas não mentem


Quando as portas do céu se abrem, o que posso ver? Talvez um anjo, ou nuvens macias e brancas... Talvez um oásis, fresco e belo. Ou talvez seja você, o príncipe que espero, um espectro sem forma.

Debaixo desta lua, não há o que se possa fazer, além de orar, por que não posso mais vê-lo. Sozinha, na penumbra, minhas lagrimas já secaram. E me contento em ouvir o som da viola ao longe...

Não sei se quebro, ou me desfaço, para alcançá-lo. Não sei se corro, ou se espero, ou simplesmente desisto, Lua brilhante no céu, pode me responder?

As folhas dizem a verdade, noite e dia, foi isso que me disse não é? Tento entender a mensagem que elas sussurram, mas acho que elas apenas caçoam da minha fraqueza. Você se parece com elas...

Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Mas temo a palavra amor, pois ela pode tanto trazer alegria quanto sofrimento. Acabo por me esquecer.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O monstro chamado vestibular





O monstro chamado vestibular


É fato conhecido que o maior temor dos adolescentes é o vestibular. Persegue-os durante as noites, vem estampado nas apostilas, é relembrado todos os dias pelos pais (será que eles não percebem que isso é terror psicológico!?) e ainda é cobrado pelos professores aumentando ainda mais a pressão.

Quando criança eu tinha uma certa idéia do que gostaria de prestar. Perguntavam-me: “o que você vai ser quando crescer?” E eu respondia orgulhosa: “uma geóloga!” Mas agora... O que eu faço!?

Já pensei, repensei, que curso escolher? Não é como fazer “uni-duni-tê” num teste que não sei a resposta, afinal é o meu futuro! Quando paro para pensar no que farei pelo resto da minha vida, sinto um calafrio...

Poderia prestar a minha tão amada geologia, mas... será que eu quero mesmo estudar pedras pelo resto da vida? Ou talvez fazer artes, uma profissão calma e relaxante? E me desespero porque não sei se vou conseguir me sustentar com isso...

Pensei em ser cantora, porém minha voz não tão boa assim. Tive vontade de dar aulas, mas quando vejo meus professores na frente da sala tentando controlar aqueles primatas chamados alunos, me desanimo.

Sou perseguida pela questão, e não consigo decidir. Socorro! Tenho que estudar para o vestibular que ainda nem escolhi, porque não adianta decidir e levar bomba na prova. Só vejo um meio de resolver o problema do futuro emprego e do excesso de estudos: acho que vou casar com um marido rico mesmo...