"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dois em um





Dois em um


O odor da grama molhada me instiga. Escuto o leve som dos cascos no chão, suaves, alegres, crescentes. Fecho o zíper da bota, os botões da camisa, cinto na cintura. Visto-me para a guerra, e para um encontro.

Pé no estribo. Subi do chão aos céus. O pelo sob meus pequenos dedos é macio e quente, sedoso. Nesse instante dois se tornam um, e um se torna tudo.

Consegue me ouvir? A resposta vem sem palavras. Não é necessário falar. A brisa é suave. Perfeito.

O som dos cascos se repete. Mais forte, inspirador. Poeira sobe deixando para trás os pensamentos mundanos. À frente, o futuro recente que será atingido.

Lá está ele, digo silenciosamente. Em pé, meu inimigo, esperando para ser ultrapassado. Assim como os problemas, me chama para enfrentá-lo. Abaixo de mim meu outro eu corresponde ao chamado.

Está mais perto, mais, e mais. Conto os passos. São passos? Não, valem muito mais do que simples passos humanos. É a hora. Recebi minha resposta. Saindo do chão, voo para o que espero ser a vitória.

Ultrapassado o inimigo, inexplicável euforia. Nada de relaxar, tem outro à frente. Só desperto mesmo, quando tenho de desmontar.

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