"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...Continuarei a escrever" - Clarisse Lispector

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Beija-flor




Beija-flor


Quando ouvimos a palavra beija-flor, pensamos em algo romântico e delicado. Eu gostaria de escrever algo assim, caloroso, mas agora não tenho condições para tal, já que a única coisa que me preenche não passa de um vazio.

A imagem que tenho de um beija-flor nesse momento é da pobre e solitária criatura presa em uma sala sem portas nem janelas, desesperada para escapar.

Assim também me sinto, apesar de tantas pessoas à minha volta. Por momentos tento me convencer da importância delas, mas no fim acabo dizendo a mim mesma que elas não significam nada. E afundo mais ainda.

Às vezes, penso esperançosa em uma mão amiga e quente, estendida em minha direção, para depois tornar a me desiludir. Em outras, até imagino o amor, puro e simples, mas logo percebo que nada é como nos filmes. Começo a enlouquecer.

Desejo apenas ouvir palavras gentis, ser envolvida por braços quentes. Porém, quando tais acontecem, parecem ecoar longe, sem sentido. Meu coração se fechou em si mesmo.

Solidão. Vazio. Nada. Tento me conformar, procuro um modo de fugir. Desisto, não me movo. Medo. Sou uma covarde disfarçada de corajosa, tenho medo do amanhã. Nem mesmo sei a razão de viver.

Como um pássaro que antes voava em liberdade, e subitamente foi preso em uma gaiola, me debato para todos os lados, mas acabo no mesmo lugar. Quero chorar, mas não posso. Quero sorrir, mas não consigo. Tento gritar, mas o silêncio é reconfortante. E apenas uma pergunta me atormenta o tempo todo.

Será que o pequeno beija-flor vai sobreviver?

Um comentário:

  1. "Desejo apenas ouvir palavras gentis, ser envolvida por braços quentes. Porém, quanto tais acontecem, parecem ecoar longe, sem sentido. Meu coração se fechou em si mesmo."

    Já me senti mais ou menos assim há um tempo, tenso =/

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